Home » Crônicas Esparsas » Angra 3, Fukushima e Hiroshima

Angra 3, Fukushima e Hiroshima

Angra 3, Fukushima e Hiroshima

(Ou Vinicius, cantado por Ney Matogrosso)

(Com vídeos)

Hoje, 13 de agosto de 2015, surge notícia de que Odebrecht, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, três empresas concessionárias da construção da usina atômica Angra 3, paralisaram as obras, por inadimplência da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás. Em suma, falta dinheiro para a construção daquele monstro diabólico. Fala-se, às vezes, que a voz do povo é a voz de Deus. Seria ótimo falar-se, também, que “a voz do povo” é, seguidamente, a voz do demo (em minúscula, porque o anjo das trevas não merece a maiúscula). Seria bom dizer, também, que o silêncio do povo é a voz do anjo mau, pois a população de Angra dos Reis e cercanias convive quieta com aquelas coisas horríveis, aquelas montanhas de concreto planejadas e em andadura nas proximidades. É mais ou menos como a população das vizinhanças de Pompéia, na Itália, dormindo e acordando sob a fumaça do Vesúvio. O vulcão está quieto, mas pode acordar repentinamente. Tocante a Angra dos Reis, as duas construídas borbulham mefiticamente, perto de uma comunidade descasada, inclusive, das tragédias de Chernobyl e mais recentemente de Fukushima.  Êta, gente burra. Não se sabe de quem foi a idéia de começar aquilo, mas seguramente houve tal ideação por um presidente qualquer. Procure-se o nome dele na internet. De repente, isso começou ainda durante a ditadura. É muito próprio. Não convém a um criminalista meter-se em causas entregues a companheiros ilustres. Dentro do contexto, os “Odebrecht”, os “Camargo Corrêa” e os “Queiroz Galvão” têm suas defesas bem entregues. Virem-se. Importa, aqui, dar-lhes os parabéns pela paralisação, embora o motivo seja o ouro vil. Há males que vêm para o bem. Já se percebeu que as consequências de atos maus podem levar a resultados ótimos, havendo, também, relação de causalidade contrária: condutas enlevadas levam a derivações prejudiciais. Em suma, Sérgio Moro manda prender as lideranças, a Eletronuclear dá o calote e Angra 3, faminta dos dinheiros públicos, mastiga o vazio, arrotando, quem sabe, o veneno mantido nas entranhas. Vale a pena, ao fecho, relembrar Vinicius de Moraes, o branco mais negro do Brasil, adepto do Candomblé e rezador, certamente, para que os Orixás protejam as paredes daquelas esfinges morféticas, as três irmãs, das quais a terceira ainda está sendo gestada por satanás. Vinicius, lá onde estiver, há de estar, quiçá, tocando seu atabaque, depois de ter feito uma das mais dramáticas canções que o mundo já conheceu sobre o desvario da humanidade. Segue, então, “Rosa de Hiroshima”, com Ney, o Matogrosso.

Rosas de Hiroshima

Deixe um comentário, se quiser.

E