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Atentados em Paris (Os terroristas devem morrer?)

Paulo Sérgio Leite Fernandes

Repercutem no mundo inteiro os atentados praticados em Paris, na noite do dia 13 de novembro corrente (2015), em locais frequentados por muitas pessoas, com realce para a boêmia intelectualizada, a maioria constituída por cidadãos franceses, mas presentes muitos turistas, sem exceção de alguns brasileiros. Morreram 129 pessoas. Houve feridos graves, alguns ainda hospitalizados. Terroristas extremistas detonaram bombas em ambientes fechados. Dizem os jornais que eram suicidas. A maioria morreu, estilhaçada pelos próprios explosivos levados no corpo. Consta haver fugitivos. A imprensa traz a foto de um deles, fisionomia jovem mas demoniacamente pronto a liderar o plano assassino.

         O Presidente da França declarou guerra ao Estado Islâmico. O Presidente François Holland exerceu rapidamente o direito de resposta: mandou caças “Mirage” e “Rafale” para, em bombardeios de precisão, a destruição da chamada refinaria de petróleo itinerante, constituída por centenas de caminhões-pipa transportando combustível de um lado para outro, em fila, visto que aquele país não tem refinarias fixas ou condutos assentados. Em termos bem práticos, os terroristas mataram inocentes mas, paralelamente, a França também o fez. A diferença seria palpável: homens satânicos assassinaram gente boa; em revide, os agredidos bombardearam o solo donde parece ter saído a inspiração para o ataque. Em raciocínio rústico, “Se tu faz pra mamma, mamma faz pra tu”.

         Os desdobramentos têm sido previstos por comentaristas variados, inclusive por Gilles Lapouge, jornalista muito respeitado escrevendo no jornal “O Estado de São Paulo”. Há receio de que atentados assemelhados aconteçam no mundo, com relevo para Inglaterra e América do Norte. Na medida em que as Olimpíadas vêm aí, um ou outro escriba adverte sobre a necessidade de extensa e cuidadosa proteção aos atletas e ao povo. Bem, a precaução não seria original, pois em 1972, precisamente em 05 de setembro, oito terroristas palestinos do grupo denominado “Setembro Negro” invadiram as acomodações dos esportistas israelenses, matando dois destes. Houve desdobramentos, porque nove membros da delegação judaica foram feitos reféns e levados ao aeroporto. Ali, um avião foi posto à disposição do grupo. Os anarquistas acreditavam que conseguiriam escapar. No fim de tudo, a polícia invadiu a aeronave. Os nove reféns morreram no conflito. Cinco terroristas tiveram o mesmo destino. Discutiu-se durante muito tempo se os atletas teriam sido atingidos por balas vindas da própria polícia alemã.

         Vem, agora, raciocínio não muito usual sobre o chamado “efeito borboleta” daquele episódio dantesco. Conta-se, oficial ou oficiosamente, que membros da polícia secreta israelita, espalhados na Europa, caçaram todos os assassinos remanescentes, direta ou indiretamente envolvidos no morticínio. Há, inclusive, um filme sobre o assunto.

         A resposta francesa ao polimorfo ataque consumado em Paris tem, evidentemente, diferenças marcantes da revanche consumada pelos judeus: Israel, de certa época até esta data, é país guerreiro e muito diferente do passado hoje remoto. A polícia política israelita (Mossad) é, entre todas, uma das melhores do mundo. Agora, não se brinca mais com Israel. Houve época, aliás, em que a Suprema Corte judaica admitia tortura, evidentemente aquela forma sofisticada a que fazem referência os comentaristas de suplícios modernos (v. Aspectos Jurídico-Penais da Tortura, em co-autoria com Ana Maria Babette Bajer Fernandes). Assim, Israel não perdoou. Foi atrás dos matadores restantes. Golda Meir era líder na retorsão. A operação foi denominada “Ira de Deus”. Aquilo demorou mais de sete anos, mas houve terroristas mortos na Itália, França, Noruega e outras nações. Em janeiro de 1981 foi morto Ali Hasan Salameh, um dos chefes do grupo assassino. Termine-se com indagação dramática: os executores que agiram à sombra da Torre Eifell devem morrer? Relembre-se que o jovem homicida de Boston está vivo, embora condenado à morte. Feriu 260 e assassinou três. Os terroristas foram muito além na competição: responsabilizam-se por 129 defuntos e 350 lesionados. Em suma, Israel mandou matadores profissionais. A França fincou, vindos das nuvens, máquinas especializadas em destruição coletiva. Parte dos assassinos morrera no ato (suicídio?). A identidade de um deles foi conhecida porque os peritos recolheram um dedo num dos locais atingidos pelas explosões. Não se tem o nome dos pilotos franceses que bombardearam as refinarias errantes já referidas, desconhecendo-se, igualmente, a identidade dos vingadores israelenses. Pelo sim, pelo não, não só James Bond é símbolo da espionagem posta em livros e filmes de ficção. O cronista, quando criança, aprendeu francês sozinho, lendo “Arsène Lupin”, um ladrão de casaca, especializado em atos milagrosos. Há outro francês célebre (Inspetor Clouseau). Deixe-se de lado a ironia trágica. Qualquer cidadão honesto, qualquer pai ou mãe de família, qualquer burguês, enfim, franceses ou não, não ficariam enraivecidos se um ou alguns dos bandidos remanescentes tropeçassem num paralelepípedo, em sombria ruela européia, ou fossem mordidos fatalmente por um dos escorpiões que dizem existir numa região desértica da Síria. La “Direction Générale de la Sécurité Extérieure (DGSE)” não é capaz disso. Ou seria? Seria esta a voz do povo? Dizem que a voz do povo é a voz de Deus. Ponto Final.

* Advogado criminalista em São Paulo há sessenta anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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