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TJSP outorga a Tales Castelo Branco o colar do mérito judiciário

Tribunal de Justiça

Dia 15 de dezembro, às 17 horas, na sala 501

 

Poucos sabem, hoje, 09 de dezembro de 2015, da cerimônia a se realizar no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, às 17 horas, no dia 15 deste mês, no plenário (Sala 501), para outorga do Colar do Mérito Judiciário ao criminalista Tales Castelo Branco, um dos melhores e mais antigos advogados criminais que São Paulo e o Brasil têm. Paralelamente, outros juristas ilustres receberão a Comenda, com destaque para Ivete Senize, Fernando Capez e Eros Grau. A cerimônia será presidida pelo Presidente do Tribunal, José Renato Nalini. O local escolhido é bem adequado à solenidade. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo foi edificado sob a batuta de Ramos de Azevedo, uma espécie de Oscar Niemeyer da época. Congregava, lá atrás, todas as varas criminais da metrópole. O mobiliário é remanescente do trabalho competentíssimo realizado no Liceu de Artes e Ofícios, situado perto da “Casa da Luz”, parte velha de São Paulo. Ali, naquele pedaço da capital, existe a “Igreja dos Motoristas”, paredes muito grossas edificadas em taipa. Dizem os entendidos que aquela casa de orações tinha, atrás do altar-mor, um alçapão escondendo um túnel por onde a mocidade libertária passava escravos fugidos. Pode ser verdade ou fabulação, mas a metrópole está cheia de histórias conhecidas por pouca gente. No Liceu de Artes e Ofícios estiveram Brecheret e Portinari, primeiramente aprendizes, depois professores, legando obras maravilhosas. Este cronista, aliás, tem profundo arrependimento de não ter levado a bom termo, cinquenta anos atrás, a troca de um “Benedito Calixto”, que lhe pertencia, por uma estatueta em mármore (Mulher Deitada) detida por colecionador. Lembra-se com muita nitidez dos traços delicadíssimos daquela ninfa esbelta. O autor, o já citado Brecheret, deve estar ainda hoje à procura daquela obra finamente burilada… Já se vê que a engalanada cerimônia de outorga da Comenda a Tales Castelo Branco não vem sozinha à consciência. Os achegos do passado são incríveis, misturando os móveis vetustos, os cristais do Tribunal de Justiça, a Igreja repleta dos mistérios, os vitrais daquela casa judiciária (todos preparados com interligações em chumbo e estanho, conforme o ministério clássico) e a Catedral da Sé, dizendo alguns que é assemelhada a uma outra, muito mais antiga, notabilizando a cidade de Paris, enfim. Mais além, à frente, em direção e nas profundezas do Bom Retiro, por ali, o bairro da “Casa Verde”, afirmando-se que a denominação adveio de uma chácara, cuja sede era pintada com a cor do arvoredo, frequentada pelos moços da Faculdade de Direito à saída das aulas vespertinas.

Dentro do contexto, não se diga que a outorga do Colar do Mérito Judiciário se resume à solenidade em si. É aquilo e muito mais. O ser humano é supinamente simbólico. Manifesta suas preferências, contentamentos, censuras e outras atividades por meio de sinais. Isso sequer escapava aos primitivos, pois as tatuagens vêm de lá. Há marcas cabalísticas em tudo, não escapando sequer ao logotipo das governanças.

Diga-se, a título de encerramento, que Tales Castelo Branco, na sua discrição, na humildade com que se conduz, no afeto distribuído a seus companheiros, já traz no torso, muito bem trançada, a melhor prebenda que um ser humano pode ter: ela se constitui do carinho de toda a classe e do reconhecimento dos predicados demonstrados em 60 anos de advocacia criminal exclusiva. Nós vamos vê-lo, é claro, e aos outros, eles becados, à maneira dos participantes das “guildas” medievais. Ali, no vetusto recinto da sala maior do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o silêncio só é quebrado pelos debates forenses. É apropriado, o todo, ao ato a se desenvolver. Com certeza, Tales Castelo Branco há de vestir a mesma beca usada no primeiro júri. Nós, criminalistas, temos vezos e superstições também. São poucos, mas os temos, como as crianças a receberem a comunhão. Nossas vitórias – e mesmo as derrotas – são recebidas enquanto protegidos por aqueles panos negros. Escondem nossas emoções, sim, mas demonstram a todos que somos diferentes, precisando dessas diferenças, paradoxalmente, para lutarmos pela igualdade de todos perante a lei.

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