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PEDRO PRIMEIRO

(Roberto Delmanto)

 

             Esta crônica não diz respeito ao Imperador, mas ao notável criminalista mineiro de meados do século passado Pedro Aleixo.

                Pertencendo à UDN – União Democrática Nacional, partido de oposição ao getulismo, cujo lema era “o preço da liberdade é a eterna vigilância”, ainda moço tornou-se Secretário  do impoluto governo de Milton Campos. A confiança deste no jovem auxiliar era tanta que, a muitos que o procuravam para tratar de algum assunto político ou administrativo, costumava dizer: “fale com o Pedro primeiro”. Daí porque, recebeu o apelido de “Pedro Primeiro”…

                Brilhou como poucos na advocacia criminal, atuando em casos históricos. Uma de suas grandes defesas foi em favor das Irmãs Poni. Quando uma delas descobriu que o marido tinha uma amante, com o auxílio da outra, assassinou ambos na elegante pousada de Ouro Preto em que se encontravam. Estranho crime, em que o passionalismo da mulher traída se estendeu à cunhada…

                Anticomunista, Pedro Aleixo aderiu ao Golpe de 64, tornando-se membro da ARENA, organização partidária que dava apoio à nova ordem. Quando Costa e Silva, o segundo presidente militar assumiu, Pedro Aleixo tornou-se vice-presidente. Aquilo que alguns consideraram a negação de seus antigos ideais democráticos, era para outros a esperança de moderação no governo e de que a ditadura não se perpetuaria no poder, sendo em breve sucedida por um presidente civil.

                Tal esperança não se concretizou, e quando Costa e Silva sofreu um AVC, os militares não permitiram que Pedro Aleixo assumisse a presidência. Em seu lugar, tomou posse uma Junta Militar, composta pelos então Ministros da Guerra (hoje Exército), da Marinha e da Aeronáutica.

                Voltando às lides forenses, das quais, talvez, não devesse ter se afastado, deixou um precioso exemplo como advogado possuidor de vasta cultura,  poderosa argumentação, coragem, altivez, independência, ao lado de absolutas idoneidade e ética profissionais.

                Inspirou gerações, como a do grande e saudoso criminalista Ariosvaldo de Campos Pires, cuja banca tem hoje como titular seu filho Carlos Frederico Veloso Pires que, com brilho próprio, dá continuidade à bela herança paterna.

                O apelido dado a Pedro Aleixo na mocidade prenunciava seu sucesso, pois ele, pela longa e vitoriosa atuação na advocacia criminal de Minas Gerais, foi, entre os criminalistas de seu tempo, na sua mais ampla acepção, realmente o “Primeiro”…

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