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Como esquecer?

 

 

Sempre preocupado em se apresentar aos olhos do público como um homem sensato, equilibrado e independente, o comentário feito em tom blasé pelo general Mourão a respeito das revelações da tortura praticada no regime militar o colocam – antes de mais nada – em pé de igualdade com o pensamento desprezível do capitão Bolsonaro. A maneira debochada como o vicepresidente da República abordou o assunto chocou todos nós, quiçá os familiares e amigos de pessoas desaparecidas e torturadas naqueles que ficaram conhecidos como “anos de chumbo”. Uma daquelas tantas vítimas foi o jornalista Vladimir Herzog. Em outubro de 1975, ele era diretor de Jornalismo da TV Cultura, levava uma vida pacata, tinha só 38 anos, esposa e dois filhos pequenos. Foi preso porque as forças repressoras suspeitavam de que ele desenvolvia atividade clandestina. Ficou preso por 7 horas e foi barbaramente assassinado pelo Estado. A versão oficial foi de suicídio. Herzog teria se enforcado amarrando o nó na primeira barra da grade da cela, a 1,63 m do piso. Verdadeira farsa. Àquela altura, foi o 38.º “suicida” a morrer nos porões da ditadura. General, como esquecer isso?

Aloísio Lacerda Medeiros

aloisio@almedeiros.com.br

São Paulo

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