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Revista em advogado (ou “O dia da caçarola)

Os criminalistas de São Paulo andam irritadíssimos com o fato de só eles precisarem passar pelos detectores de metais, eximindo-se juízes e promotores da obrigação. Bem a tempo, segundo notícia divulgada em jornais desta semana (25/02/2011), todos, sem exceção, devem passar pelos detectores de metais, incluindo-se na exigência juízes e promotores públicos. Afirma-se no noticiário que a Corregedora Nacional de Justiça, Ministra Eliana Calmon, acentuou que juízes devem dar exemplo de submissão às normas. De seu lado, o Conselheiro Walter Nunes relembrou a resolução 104 do CNJ (clique aqui e leia a resolução na íntegra), que não excepciona os magistrados da obrigação.

A posição dos criminalistas, em São Paulo, é vexatória. Embora identificando-se, precisam abrir suas pastas. As advogadas, evidentemente, não se eximem da exibição de objetos de uso pessoal. Juízes e promotores de justiça, entretanto, se excluem do requisito, sendo preciso dizer que a vigilância é efetuada por terceirizados, ou seja, por criaturas estranhas ao Poder Público.

A decisão constante da Resolução 104 do CNJ precisa ser posta plenamente em execução. No meio tempo, criminalistas antigos já se dispõem a comparecer ao fórum com as maletas repletas de panelas velhas, cabos de colheres, moedores de carne e outras quinquilharias, exibindo os artefatos enquanto os apitos estejam a soar, mesmo porque uma caçarola não pode ser apreendida a título de instrumental perigoso à saúde de terceiros. A sugestão não está fora de contexto. Quem sabe, mantendo-se a situação como está, valerá a pena uma espécie de “dia da caçarola”, organizando-se os advogados criminais de São Paulo na formação de extensa fila frente ao detector de metais do fórum da Barra Funda, todos obedientes, é claro, mas muito exigentes na aferição dos objetos servindo de amostragem. Dentro do contexto, o próprio cronista se disporia a ser o primeiro a efetuação do teste, a menos que os eminentes magistrados e promotores de justiça se disponham a fazer companhia à sofrida classe dos advogados. Haja paciência! Aliás, a paciência acabou. Dentro da legalidade, a resolução do Conselho Nacional de Justiça há de servir a todos.

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