Home » Ponto Final » De Columbine à ilha de Utoya

De Columbine à ilha de Utoya

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer
De Columbine à ilha de Utoya***

____________________________________________________________________________

Columbine não foi o primeiro atentado maciço contra a vida de multiplicidade de cidadãos, no mundo. Caracterizou-se, quem sabe, por visar muitos adolescentes dentro de uma escola, creditando-se a autoria a dois outros jovens. A dupla de delinquentes juvenis se matou depois, encerrando dramaticamente o ciclo iniciado com o primeiro disparo. Antes daquilo, e muito antes, houve grande violência em várias partes do mundo, procedendo os criminosos de forma análoga, sendo necessário realçar que a maioria daqueles atos de terrorismo se concretizou em países que tinham o equilíbrio socioeconômico prejudicado por dissensões civis ou resistência a poder discricionário de um ou outro régulo.

O horror antecedente a Columbine se caracterizara no atentado às Torres Gêmeas de Nova York, nunca aquele multiplamente noticiado no mundo inteiro, mas um outro, em 1993, chegando a êxito parcial porque o caminhão-bomba explodiu no subsolo, matando seis pessoas. Columbine aconteceu em 1999. A diabólica destruição das Torres, em 2001. Parece que o último atentado teria constituído um marco sanguinolento estimulador de ataques já então setorizados à cidadania em tempo de paz. Em países ocidentais o fenômeno vem acontecendo. Não é demais a lembrança a terrorismo praticado contra pessoas ocupantes de trem urbano em Madrid e metrô em Londres. Acontece, em 22 do mês corrente, na ilha de Utoya e na capital da Noruega, dramático e duplo ato de terror: um norueguês tresloucado, agredindo inclusive o conceito de serem os nórdicos frios ou álgidos, mata a tiros e a bomba setenta e poucas pessoas. Na ilha a maioria era constituída por jovens. Uma bomba explodiu em Oslo, um pouco antes, matando algumas pessoas em frente a um prédio público. O autor conhecido do atentado aos moços explicou que pertencia a uma ordem intitulada “Novos Pobres Cavaleiros de Cristo”. Disse não estar sozinho.

A investigação começa em seguida, com audiência que segue o procedimento criminal marcado para a espécie. A Noruega não tem pena de morte. O terrorista, provavelmente, fica encarcerado até morrer. O significado disto é claro: prendem-no perpetuamente, numa espécie de medida de segurança sem fim, pois não há, tocante ao delinquente em questão, expectativa de reequilíbrio. E não se pense que Anders Behring Breivik será perdoado. Isso acontece, às vezes, com um felizardo que tentou matar o representante de Deus na terra, o Papa João Paulo II. O polimorfo assassino norueguês, aliás, precisará de muita proteção enquanto levado de um a outro lugar para a instrução de seu processo. Curiosamente, os chamados “atentados em massa” se resolvem com o suicídio dos terroristas. Anders está vivo e não resistiu à prisão. Quis viver, não se sabendo a razão de tal comportamento ilógico. De repente, dizendo-se cristão, teve medo e quis protelar um pouco sua viagem ao inferno.

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e um anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

Deixe um comentário, se quiser.

E