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Tempos de crise… Tempos de desconfiança…

Aldo Rodrigues de Souza

A sala era a de audiências da Juíza do Trabalho. A cena retratava o empregador a fazer acordo com o empregado e  a depositar, sobre a mesa das negociações, o dinheiro correspondente ao valor do acordo formulado. Em moeda corrente. O empregador assina o termo de audiências em que estava datilografado o acordo; o empregado põe o dinheiro no bolso e permanece inerte. A Juíza determina ao obreiro que assine o termo. Diz o empregado: – “Não assino”. O espanto de todos quantos estavam na sala invade o ambiente. A Juíza insiste: – “Assine o termo”. O empregado, novamente retruca: – “Não assino”. Os olhos do empregador parecem crescer em sua face. Todos dirigem seus olhares para o empregado, ainda mais apreensivos. A Juíza insiste ainda  uma vez – “Assine o termo”. O empregado repete: – “não assino”, e quando o empregador e seu advogado já estavam prontos para pular sobre o empregado, evitando-lhe a fuga, soa um balbuciar, quase ininteligível: – “Eu não assino; só sei por o dedo…”, mostrando o polegar. Aí é que todos se deram conta de que o empregado era analfabeto. Tempos de crise… tempos de desconfiança…

*Crônica do livro “Pílulas d’antanho. Casos e causos relatados por um velho advogado”

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