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O amor nos tempos da advocacia

Roberto Delmanto
O amor nos tempos da advocacia

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Final do ano de 2011, emoções e lembranças vêm à tona, algumas alegres, outras tristes, mas sem que o ser humano perca a esperança, tão importante quanto o ar que respiramos.

E eis que nos chega uma gratíssima surpresa: o livro Fabulações de um velho criminalista, de Paulo Sérgio Leite Fernandes.

O autor dispensa apresentações. Advogado criminal há mais de cinquenta anos, lutador incansável pela liberdade individual e pelas prerrogativas profissionais, possuidor de vasta cultura não só jurídica, dono de escrita e fala igualmente primorosas, amigo certo das horas incertas, chefe de família exemplar, tem mais uma virtude que o distingue: a coragem, que Aristóteles considerava a maior de todas, porque é a que garante as outras.

Paulo Sérgio já nos brindara com dois excelentes romances – Caranguejo-Rei e Dolores, ambos de leitura agradável e temas envolventes.

Mas seu novo livro, a meu ver, os transcende. Lembrou-me “O amor nos tempos do cólera”, obra prima de Gabriel Garcia Marquez, que inspirou o título deste artigo.

Em Fabulações, o autor se desnuda por completo, sem qualquer receio, característica dos homens puros que nada temem, nem a própria memória.

Reminiscências da infância e da adolescência em Santos, os amores da juventude, a passagem para a idade madura, a vinda para São Paulo, as vivências, os triunfos e decepções da vida profissional, – muito mais os primeiros do que as últimas –, entes queridos que aparentemente se foram, mas que na verdade permanecem…

O livro é um vai e vem constante, onde passado, presente e futuro se entrelaçam, e realidade e fantasia se misturam. Aquela lembrança tão viva da infância, de repente, em outro capítulo, é posta em dúvida pelo autor: terá de fato acontecido ou foi apenas um sonho?

Filosófico e poético, profundo e leve, divertido e irônico, idealista e sarcástico, envolvente e intrigante – tudo ao mesmo tempo, retratando a singular personalidade do autor – ,merece um “Jabuti”.

Só tenho em relação ao livro, uma ressalva. Seu título não deveria falar em velho criminalista, mas em “antigo e sempre moço”, pois Paulo Sérgio, como o fez o diretor de teatro Adherbal Freire – Filho, poderia dizer de si mesmo: “eu já fui mais velho”…

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