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Kassab veta manifesto heterossexual

Paulo Sérgio Leite Fernandes

Projeto de lei remetido pela Câmara Municipal de São Paulo ao Executivo recebeu veto do prefeito Kassab. Os motivos: a lei, se e quando posta a viger, representaria discriminação e, por via travessa, ofensa à homossexualidade, sabendo-se que a questão, hoje, assume foro de extrema relevância, na medida em que o Supremo Tribunal Federal já admite, inclusive, a união entre pessoas com mesma vocação biofísica (expressão elegante significando homem com homem e mulher com mulher. Fica mais fácil).

Não há qualquer crítica ou censura à tendência que hoje é estendida à quase totalidade do mundo, exceção feita a um ou outro país em que a homossexualidade é crime. Mais cedo ou mais tarde os conservadores chegam lá, renunciando analogamente a cortar a mão do ladrão, amputar o nariz de certa classe de delinquentes ou apedrejar mulheres até a morte, privando-as da defesa enquanto enterradas, diferentemente dos homens, dos quais se deixam as mãos livres, demonstração de machismo sem par.

No campo da chamada equanimidade, ou isonomia, o prefeito de São Paulo não vai bem das pernas. A parada gay, seguramente a maior do mundo, teve apoio técnico e tático da municipalidade, recebendo aplauso e presença de políticos notáveis e não notáveis, não faltando emérita senadora da República. O setor homossexual constitui, na atualidade, poder organizado capaz, até mesmo, de mudar o destino de uma eleição, valendo de exemplo aos setecentos mil advogados brasileiros que, por desinteresse ou egoísmo, se deixam aviltar na ofensa a suas prerrogativas profissionais. Que coisa extravagante mas, ao mesmo tempo, básica entre os seres humanos e os próprios animais inferiores: a união faz a força.

Fala-se em violação do princípio da isonomia porque, é claro, se os gays são apoiados, igual medida deveria ser tomada em relação aos antípodas. Não é preciso ser ministro do Supremo Tribunal Federal para reforçar o argumento que é muito usado, aliás, em qualquer “happy hour” de sexta-feira num barzinho da Vila Madalena, em São Paulo, ou até mesmo em Brasília, se bem que na Capital Federal seja difícil encontrar esquinas… tudo se consuma no centro…

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