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Supremo Tribunal Federal enfrenta seus processos

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer
Supremo Tribunal Federal enfrenta seus processos***

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Os repositórios jurídicos nacionais trazem notícia alvissareira: o Supremo Tribunal Federal julgou, no começo de março deste ano, a ação mais antiga tramitando na Corte, chegando lá nos idos de 1959, ou seja, sob a Constituição de 1946, cumprindo notar que o cronista, formado há 52 anos, colava grau, igualmente, naquela data. Eram os famosos “anos dourados”, aqueles dos vestidos retos terminando pouco abaixo dos joelhos, chamados “tubinhos”, lindos por sinal. Tudo era alegre. Dançava-se o “chá-chá-chá”, a voz de Frank Sinatra imperava nos discos de vinil e havia, ressoando no espaço, o vozeirão de “Billy Eckstine” (“Old man in the river” e quejandos). Bons tempos aqueles. Para ilustrá-los, o cronista fez até, na voz de Gustavo Bayer, um CD contendo os versos de “Alameda dos anos dourados”. Foi lá atrás, sim. Quem quiser, envie um email com o endereço. Ainda há uns dez exemplares sobrando nas gavetas. O cronista, no final dos anos 1950, tinha vinte e cinco anos. Adiante, surgiu a primeira filha, a Paula. Depois veio a Geórgia e por último o Gustavo, que empresta vida à crônica. No meio tempo, aquela ação referida andava nos escaninhos da Suprema Corte brasileira, no Rio de Janeiro. O Supremo Tribunal Federal, examinando os autos em começo deste ano de 2012, admitiu que o processo continha irregularidades mas que aquilo tudo fora colhido pelo tempo. A situação se estabilizara, inexistindo portanto possibilidade de mudança. Lembro bem da época em que o Supremo Tribunal Federal estava na “cidade maravilhosa”. Descia-se do avião, no aeroporto Santos Dumont, atravessando-se uma praça para chegar ao Conselho Federal da OAB. Aquele parque era escuro à noite. O cronista carregava um revólver na pasta e às vezes o tinha nas mãos. A gente podia fazer aquilo, ainda. Hoje dá cadeia e, se o bandido assaltar, morrem cariocas e estrangeiros.

Veja-se como uma notícia correspondente a um velho processo amarelado pode trazer recordações alegres. Triste é o trajeto daqueles autos judiciais. Poderiam, quiçá, transformar-se num romance em que homem e mulher, desesperados, estivessem pretendendo um desenlace na cama. Se e quando assim fosse, ambos já teriam morrido ou estariam caquéticos. Que pena!

 

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e dois anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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