* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer
Aos 97 anos, criminoso nazista é localizado***

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Sob a presidência do ministro Gilson Dipp, constituiu-se em Brasília a “Comissão da Verdade”, destinada a rever e explicitar fatos acontecidos no período em que a ditadura militar de 1964 imperou no Brasil. Existe, evidentemente, nebulosidade muito grande respeitante ao tema, perdendo-se a memória de muitos cidadãos brasileiros sacrificados pelo regime. Diga-se que a Ordem dos Advogados do Brasil,em São Paulo, fez o mesmo, criando organismo apto a revirar as tumbas de brasileiros resistentes ao regime militarista. Embora tocados pela prescrição, os crimes cometidos naquele tempo merecem apuração e apontamento dos responsáveis. A anistia cobriu tudo com seu manto pacificador, embora alguns juristas brasileiros, com boa intenção, é certo, estejam tentando revitalizar a possibilidade de instauração de ações penais adequadas ao apontamento dos esbirros.

Vem a propósito, agora, notícia de que Laszlo Csatary, aos 97 anos, o mais procurado nazista responsável por cumplicidade na morte de milhares de judeus, foi localizadoem Budapeste. Ocriminoso de guerra em referência havia sido chefe de polícia numa cidade eslovaca, na antiga Hungria, sendo apontado como cúmplice, ao menos, da deportação de mais de 15.000 judeus para campo de concentração tenebroso.

Psicanalista brasileiro conceituado, de origem judaica, afirmou em livro recente que os israelitas não têm nada de conformismo. O judeu moderno é voluntarioso, agressivo, comunitário, compulsivo e reagente. Tem razão, justificando-se portanto a perseguição implacável feita aos remanescentes do extermínio praticado lá atrás contra os hebreus.

O criminoso nazista, já condenado, inclusive, pela prática das infrações penais em questão, tem quase cem anos. Mudou de nome algumas vezes. Perseguido à maneira de animal predador fugindo de terríveis cães de caça, há de pagar preço caro. A prisão perpétua não lhe serviria, pois o normal seria a interrupção natural da vida daqui a pouco tempo. Alguém há de pleitear e obter, contra o carrasco, a pena de morte. É esquisito isso, matar-se um ser humano tão antigo. A foto publicada por agências internacionais não exibe um ancião. Mostra criatura dotada de dose qualquer de saúde. Aqui no Brasil o homem estaria livre. Lá fora não, será preciso mantê-lo vivo para morrer de morte de morte matada. Adolf Hitler e a amante Clara Brown resolveram o assunto antecipadamente. De repente, Lazlo Csatary, se não acometido pelo Mal de Alzheimer ou outro, faz o mesmo. É esperar para ver.

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e dois anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.