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Uma cadeira no Supremo Tribunal Federal

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer
Uma cadeira no Supremo Tribunal Federal***

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O artigo 7, inciso XII, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, admite e institui como direito do advogado aquele de falar sentado ou em pé. Leia-se: “São direitos do advogado: XII – falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo”. A OAB-SP já teria reivindicado isto, sem resultado qualquer. Entenda-se, então, que os 37 ou mais advogados que interferem na ação penal 470, uma das mais complexas e importantes postas à consideração do Supremo Tribunal Federal neste século, não tendo semelhança em qualquer dos anteriores, decididamente não querem tomar assento, pois falam todos em pé na tribuna e voltam à plateia depois de terminarem. Se tal conduta não adviesse da espontaneidade, ou seja, de vontade deliberada de não sentar, qualquer dos defensores estaria, constrangidamente, deixando de exercer tal direito para não complicar a situação do constituinte, atitude, aliás, defendida por um dos candidatos à presidência da Secção de São Paulo da OAB. Em síntese, não se pede socorro à lei reitora da advocacia. quando não se quer deixar o juiz irritado. O Procurador-Geral da República leu a acusação durante 5 horas. Sentado. Advogados criminalistas não leem. O Ministro Marco Aurélio se disse cansado de ouvir. Não escutou leituras, ressalvada a do acusador-geral. Mais cansaço tiveram os defensores falando em pé. Houve eminente desembargadora, em priscas eras, ameaçando prender o advogado durante debate na Corte. Estava irritada. Descobriu-se depois que a ilustríssima juíza estava sob um acesso de gota. Doíam-lhe os pés, embora comodamente sentada em poltrona adequada. O Ministro Joaquim Barbosa precisa levantar-se, em razão de dores lombares crônicas. Já se percebe, entre muitas diferenças, aquela de tratamento diverso entre a toga e a beca. Digam os interessados.

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e dois anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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