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Essas mulheres

Paulo Sérgio Leite Fernandes

Escrever e falar sobre Processo Penal e Direito Penal cansa bastante. Até o Ministro Joaquim Barbosa deixaria de ser interessante, salvando-o o fato de sobrar cadeia brava para seus destinatários. Vai daí, hoje de manhã, o cronista acordou com a séria intenção de escolher tema suave, destoando de crimes e de cárceres. Na verdade, sonhou com milhões de mulheres diferenciadas, uma ou outra a merecer, não destaque especial, mas comentário saudável de velho marujo. Evidentemente, muitas e muitas há, mas o critério é oportunístico. Surgiram nas fabulações  as duas Marta Suplicy, as duas Hillary Clinton, as duas Dilma, as duas Irene Ravache e as duas Angela Merkel. Na realidade, são apenas dois momentos da vida de cada qual, um lá atrás, prenhe de juventude, outro agora, à chegança do futuro. Marta Suplicy era jovem muito bonita e, segundo consta, líder no curso universitário. Amadureceu muito bem mas, como outras, insiste em manter jovialidade destoante da idade. Seres humanos nascem, crescem, mudam, envelhecem e morrem. É fatal. Não se pode pretender espécie de conduta assemelhada a “Retrato de Dorian Gray” ou exemplar feminino de “Fausto”, de Goethe. Fizeram-na diferente, atualmente. Melhor seria terem-na deixado em paz, pois há personagens, como Irene Ravache, envelhecendo em plena dignidade. Ravache deve ter seus setenta anos. Vi-a numa entrevista à televisão. Colocava as mãos no rosto e dizia ser incapaz de modificá-lo, pois era seu. Diga-se, com imenso respeito a todas estendido, que é bela mulher. Passe-se a Hillary Clinton, posta entre as líderes mais influentes do mundo. A Ministra, ao tempo da universidade, era espécie de garota norte americana padrão, daquelas que chegam à chefia de torcidas nos campeonatos universitários e são disputadas por jovens comedores de hambúrguer. Bonita garota. Veio na vida muito bem, suportando no regaço as traquinagens do marido, e aguentando tão bem que soube mantê-lo mesmo depois do enroscamento deste nas saias da esperta estagiária da Casa Branca. Vá ser bacana na casa do chapéu! Dentro do contexto, Hillary Clinton precisa resolver conflitos imensos, aqueles do Oriente Médio, porque Obama está em campanha e alguém deve segurar a bucha. Os acidentes de percurso a feriram bastante. Mas, parece, ela continua com a mesma face, marcada certamente por dramas enormes, sem exceção de Bin Laden, mas é dela. Merece o aplauso de todos, pois o preço pago é muito caro, na medida em que a fisionomia é a máscara da personalidade, justificando inclusive aquelas esculturas postas na tragédia grega. De Irene Ravache o cronista já falou. Deus a preserve assim. É uma resistente à sedução do bisturi. Sobra a Presidente da República Dilma Rousseff. Era, ao tempo da ditadura, jovem de rosto severo. Bem tratada, sugeriria boa dose de encantamento. Na presidência, aprendeu a sorrir, saltou obstáculos antepostos inoportunamente pelas portas do destino e se põe, na atualidade, entre as musas mundiais. Ganhou corpo. Luta contra o peso, ou, se tempo não houver para tanto, há de deixar para depois, esperando que o depois venha a tempo certo. Angela Merkel era engraçadinha. Transformou-se também. Vi, há pouco, uma foto da Ministra sorvendo bela caneca de chope. O malte engorda. Tenho dito.

Resta, dos comentários, romântica declaração de afeto por todas elas, por elas e por todas as outras. Os velhos cavaleiros andantes da arte do amor acordam, eventualmente, com enorme sentimento de tristeza. Precisam de colo para descansar das lides, só um colo, nada além. Pode ser, inclusive, o da própria mãe que já se foi mas, no fim das contas, à maneira da canção popular, a gente às vezes ganha a vida como um carente profissional*.

*(Vide fotos)

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