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A trágica maratona de Boston – Massachusetts

Paulo Sérgio Leite Fernandes

        Dois moços, um com 19, outro com 26 anos, aprenderam a fazer bombas caseiras, espécie de minas terrestres usadas alhures. Encheram panelas de pressão com um monte de ferragem, à maneira dos canhões usados por Napoleão em Paris, ou pelos bucaneiros em navio pirata. Aquilo matou gente e feriu gravemente umas dezenas. Todo mundo sabe, Obama, o magro e comprido deus negro, precisa retorquir. O povo pede vingança. Um dos terroristas morreu. O outro, baleado também, teve o pescoço trespassado por projétil, perdendo a fala. Segundo notícias de segunda-feira, 22 de abril de 2013, está consciente.

Devotados a descobrir o passado do sobrevivente e as razões adjacentes daquele ato de terror, a polícia de Boston, mais investigadores especializados, todos cinturados no FBI, preparam máquinas diversas para a perenização do interrogatório, a ser realizado por meio de perguntas verbais e respostas escritas, porque o terrorista-mirim parece poder usar as mãos. Tratam-no como inimigo. E inimigo é. Tal perspectiva retiraria do interrogado a possibilidade de ficar calado e de ter advogado a orientá-lo. Ao lado disso, o bandido está anestesiado, plena ou parcialmente, pois os médicos lhe administraram os medicamentos adequados a situações análogas. Pensa-se em suspender os remédios, permitindo-se então que o terrorista esteja consciente quando inquirido. Tocante aos profissionais da saúde assistentes, não há carinho ou solidariedade, apenas uma gélida atenção.

O meliante é cidadão americano. As coisas estão a se complicar. Obama se formou em Harvard, uma das mais conceituadas faculdades de Direito da América do Norte. Provavelmente perdeu o sono para estimular a captura dos terroristas. Deve continuar acordado, agora, para decidir se transforma o sobrevivente em bicho desnaturado votado à nenhuma piedade ou se o trata dentro das regras básicas aprendidas na universidade. O país inteiro, ou o mundo inteiro, quiçá, pede a cabeça do infrator. Não pode ter advogado. Aliás, o defensor que se apresentar para tentar protegê-lo terá tratamento pior que a Geni, do poeta popular. “Joga pedra na Geni! Joga bosta na Geni! Ela é feita para apanhar! Ela é boa de cuspir! Ela dá pra qualquer um! Maldita Geni!”. Uma última reflexão sobre os médicos. Chamava-se um facultativo, ao tempo da ditadura no Brasil, a saber se o preso suportaria mais um pouco, sem morrer. Nesse passo, as sociedades médicas norte-americanas devem estar rezando para serem esquecidas. Vão fazer de conta que não aconteceu nada. Aquele que se rebelar e abrir a boca há de ser imolado. Tocante ao capturado, o seu destino, se não morrer agora, é ou a cadeira elétrica ou a injeção mortal (prisão perpétua em Guantánamo?). Não o deixarão ser julgado por um tribunal local. Aquilo é crime federal, falando-se em delito contra a humanidade. A eletroplessão foi aplicada a muitos, hoje raramente, mas a modernidade da instrumentação não impede o cheiro de queimado. Quanto à infusão de veneno na veia, já ouvi falar disso. Não vale a pena contar.

O atentado em Boston não é novidade na América do Norte. Bem sopesadas as coisas, “Columbine”, agora superada, foi pior, se comparadas a idade dos autores e das vítimas. Não se fale das Torres Gêmeas. Aquilo está fora da competição. No fim de tudo, terror por terror, é uma queda de braço que não tem vencedor. Vale a rima.

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