Home » Crônicas Esparsas » Passeata popular – O perigo mora pertinho

Passeata popular – O perigo mora pertinho

Paulo Sérgio Leite Fernandes

Muita gente já escreveu sobre a multidão criminosa. Há, aliás, obra célebre sobre o assunto, La Folla Criminoza. Ali, no entremeio de movimento reivindicatório, basta às vezes um grito para o desandar de um morticínio. Nesse sentido, a passeata da semana passada, repetida em São Paulo ontem, 17 de junho, foi um milagre, pois a multidão se comportou muito bem, ressalvadas algumas extravagâncias. A boa intenção da massa vale para os dois lados, pois os policiais, ontem, também se contiveram, ausente a chamada tropa de choque. Deve ter havido, perdido entre milhares de comparecentes, manifestante desequilibrado, comportando-se anomalamente, portanto. Veem-se, na conduta em coletividade e sob tensão, quantos se transformam em bestas. Num sentido bem pragmático, são perigosos. Entre centenas de fotos captadas na refrega do dia 13/06, o “site” separou só uma, representando um policial militar batendo numa jovem, provocando a queda da mesma e a tentativa do namorado, já caído, de ampará-la. O soldado tem expressão enigmática. Ou ri ou exibe um esgar, movimento automático dos lábios, sintonizado no esforço de bater na moça. De qualquer forma, é um homem perigoso, relembrando-se todos de que, sob a capa da humanidade, somos animais. É preciso encontrá-lo, controlando-o. O policial posto na fotografia anexa merece localização e inquirição adequada. Deve explicar a razão do comportamento extravagante. Boa ou má, sempre há uma explicação. Embora não devendo transformar-se em destinatário de todas as imputações de desagregação emocional, fotografaram-no enquanto metia o cassetete no corpo de uma mulher. Hoje em dia, as moças querem ser iguais aos homens, mas não para sujeição a atos de violência, mormente aqueles praticados por agentes do Poder Público. Vale o recado ao Governador do Estado, ao Secretário da Segurança Pública, um eminente Procurador de Justiça, mais ao comando da Polícia Militar. Se alguma medida investigatória não for tomada, entender-se-á que os destinatários da reclamação aplaudem aquele militar. No fim das contas, não se tenha a lembrança como anotação persecutória, mas como necessidade de antever, no futuro, atividade assemelhada daquele executor. Ponham-no em tarefas administrativas. Tirem-lhe o cassetete. Deem-lhe um tranquilizante. Ponham-no sob a supervisão de psicólogos (a PM tem muitos). Mas cuidem disso, porque ele repete o que fez.

Deixe um comentário, se quiser.

E