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Viagem sentimental ao Japão

O cirurgião plástico Ivo Pitanguy presidiu museu de arte no Rio de Janeiro. Vi, quarenta anos atrás, na clínica mantida por ele em Botafogo, uma boa tela de sua autoria. Famoso universalmente, encontrava tempo para usar o pincel, chegando a produzir obras diferenciadas. Houve engenheiros escrevendo livros transformados, depois, em clássicos da literatura brasileira (Euclides da Cunha). Advogados diferenciados, lá atrás, produziram obras célebres (Kafka, por exemplo). Houve imperador, no Brasil, afeiçoado à arte fotográfica então incipiente. Juízes respeitados escrevem romances, embora sob pseudônimo. Ricardo Antunes Andreucci tem livros de poesia (Missangas, entre outros). Releio-o. Intelectuais bem posicionados são maratonistas, competindo em tradicionais corridas. Conheci sacerdote, excelente orador sacro, que era piloto civil. Isto significa, evidentemente, que o ser humano é pluriapto. Existiu, na área jurídica, o muito falso conceito de que os portadores de togas e becas deveriam concentrar-se em torno das tarefas rotineiras e da ciência jurídica, não gastando energias em outros setores da cultura. Mentira grossa. A beca e a toga, usadas como pano mortuário, enrijecem o cidadão e o isolam do mundo. Destaque-se, apenas a título de comentário lateral, o Ministro Luiz Fux, do Rio de Janeiro sim senhor. É excelente juiz, versado em artes marciais (dizem) e guitarrista (não é um “virtuose”, mas toca).

Vem a propósito o romance “Viagem sentimental ao Japão”, de Paula Bajer Fernandes, penalista de escol, doutora pela Universidade de São Paulo e romancista. Já escreveu sob pseudônimo (Magda Thibau). Nada de extravagante. Molière era o nome de guerra de Jean Baptiste Poquelin. Anatole France é nome suposto de Jacques Anatole François Thibault. O famoso escritor e jornalista brasileiro Paulo Francis se chamava Franz Paul Heilborn. Olavo Bilac se escondia, às vezes, sob o pseudônimo “Diabo Coxo”. Alceu Amoroso Lima vestia o nome de Tristão de Ataíde. Daí, Paula Bajer Fernandes, Procuradora da República, se ocultar, de vez em quando, sob a alcunha de Magda Thibau. Além de tudo, é minha filha. Não sei se é ou não sinal de prestígio, mas filha minha é, e de Ana Maria Babette Bajer Fernandes, penalista também, autora de obras jurídicas respeitadas e morta precocemente. Paula, lançando “Viagem sentimental ao Japão”, sob o patrocínio da editora Apicuri e Livraria da Vila, pretende dar autógrafos no dia 22 de agosto, quinta-feira, às 18:30 horas, conforme convite acima. Tem amigos e amigas, mas é discreta. Eu não sou. O livro é suave, gostoso, bom de ler e tem uma sensualidade muito generosa flutuando ao redor do todo.

Paula, com certeza, convidou alguns. Eu convido o resto. Vai ser uma noite bonita e cheia de emoção.

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