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América do Norte separa pais e filhos

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer
América do Norte separa pais e filhos***

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Em 2012, os Estados Unidos da América do Norte deportaram para o México quase quatrocentos e dez mil imigrantes ilegais, vários deles vivendo na América há muitos anos, com filhos americanos. A situação da população clandestina é trágica, porque as crianças, se crianças forem, ficam com famílias provisórias, quando não remetidas a departamentos de assistência social. Há, para os deportados, uma providência de caráter excepcional, porque podem tentar, em certas circunstâncias, ter consigo os filhos no México, embora sendo os infantes americanos. Cuida-se, entretanto, de um procedimento administrativo muito complicado, havendo série grande de requisitos a serem cumpridos pelos genitores.

As autoridades norte-americanas já construíram, nas fronteiras, mais de mil quilômetros de cercas, uma espécie de muralha da China policiada permanentemente. Entre Tijuana, no México, e San Diego, nos Estados Unidos, a cerca tem frestas, permitindo que uns e outros, do lado de lá e do lado de cá, se toquem ao menos, matando a saudade.

Cuida-se de questão extremamente delicada, porque há nos Estados Unidos milhões de ilegais trabalhando às escondidas e rezando para não serem descobertos. O processo de legalização é complexo. Poucos a conseguem. Isso é um peso político para Obama. Este, segundo consta, tenta flexibilizar as regras, sofrendo séria oposição do Congresso. O Brasil, ao que parece, é diferente, principalmente com bolivianos. Estes constituem uma colônia relevante, principalmente em São Paulo, submetendo-se de vez em quando ao chamado trabalho escravo. Sob o governo Lula, o elastério foi aumentado. Bolivianos têm muitas qualidades e intensa musicalidade. Tocam charango e flauta zampoña, entre outros instrumentos. Para quem não sabe, o charango, primitivamente, era feito usando, como caixa de ressonância, o casco de tatus pegos nas margens do lago Titicaca. Os bichinhos, hoje, são protegidos. O cronista tem um charango daqueles. Aparecem, na extremidade, mais grossa, as orelhas do animalzinho. Dá um pouco de pena, mas o som é muito bonito. A afinação difere daquela dos violões. Em “Dolores”, livro já esgotado, há descrição mais ou menos precisa do instrumento musical referido. O articulista o usou quando fez música em homenagem aos torturados naquelas regiões que têm, a uni-las, a língua espanhola, com suas adaptações (quem quiser ouvir pode clicar no link abaixo). No fim das contas, uns e outros exibem, na migração clandestina, problemas assemelhados. Aqui, verdadeiramente, é bem melhor, pois ainda não cismamos com eles.

Clique aqui para ouvir a música

 * Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e quatro anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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