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Hoje não falo de Direito Penal***

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer

 

Beatriz Elena Paredes Rangel – Embaixadora do México no Brasil

Às vezes, o Direito Penal e respectivo processo se tornam cansativos. Vêm envoltos em um monte de condutas aparentemente ilegais, convocando imagens de violência, subtração de dinheiros, criminalidade financeira e morte. Trabalhar nisso todo dia não é bom. Vale a pena o descanso, embora, logo depois, venha a compulsão pela volta à proteção da liberdade de uns poucos. A televisão é hipnótica. Aquelas luzes convocam à letargia, sono e, ocasionalmente, sonambulismo, uma zona intermediária esquisita. É difícil acompanhar o noticiário vespertino ou noturno. Entretanto, vale a pena, por exemplo, assistir ao “Jornal da Cultura”, com a presença de um bom entrevistador e convidados interessantes, preparados e inteligentes (eles e elas). O cronista pôde rever Roberto Delmanto Júnior, integrante de uma família vocacionada à advocacia criminal e, com o pai Roberto e o irmão Fábio, compondo três entre os melhores tribunos que o país já produziu. Há outra produção sedutora, a “Roda Viva”, agora apresentada por Augusto Nunes. Põem-se criaturas diferenciadas no meio de um círculo, tecendo dezenas de perguntas embaraçosas. Por ali passou muita gente brasileira. Atualmente, é certo, tem aparecido entrevistado de nacionalidade estrangeira, falando o francês, o inglês ou o italiano, providenciando-se legendas tradutoras. Cuida-se do panorama internacional, sempre com o Brasil no meio. Ontem, 24 de setembro de 2015, lá pelas 22 horas, foi entrevistada Beatriz Elena Paredes Rangel, embaixadora do México, nascida em 18 de agosto de 1953, completando, portanto, 62 anos. Apareceu com multicolorida roupa tradicional, muito elegante, bonita, culta e extremamente simpática. Um rosto forte, amadurecido suavemente, vinha emoldurado por cabelos curtos e descuidadamente bem penteados. Livrou-se das perguntas de representantes de órgãos de imprensa brasileiros com extrema facilidade e muita elegância, evitando críticas ao Brasil em assuntos muito sérios, como a “Lava Jato”, a corrupção na Petrobras, a ligação do nosso país com o “Mercosul”, o relacionamento, no México, com empresas aqui postas sob suspeita, a democracia, o respeito à Constituição, a pobreza, as censuras, mesmo, ao governo mexicano que, no fim das contas, a coloca na qualidade de preposta, riu abertamente, sorriu, gesticulou enfaticamente durante as respostas e deixou em todos, inclusive no velho marinheiro, uma impressão muito gostosa. Não se vai entrar em pormenores daquele debate – e debate foi – mas o Poder Executivo mexicano, se coisa melhor fez, há de ter feito muita pouca além de mandar essa senhora a representá-lo no Brasil. Não se disse advogada e sim socióloga, mas discorreu com facilidade sobre aspectos jurídicos. Ao dizer que desconhecia um ou outro pormenor, o fez com tamanha simpatia que teria, entre os juristas, perdão antecipado. Beatriz Elena Paredes Rangel, feminista sim, Presidente Nacional do Partido Revolucionário Institucional, antes governadora de Tlaxcala, dizendo-se estudante de gastronomia, praticante da arte política desde os 21 anos de idade, deputada federal, primeiro embaixadora em Cuba, senadora e quejandos. O cronista, em mil novecentos e nada, trouxe ao Brasil “La Madre”, ou seja, Hebe de Bonafini, chamada, a princípio “La loca de Plaza de Mayo” (Clique aqui), num período em que a ditadura ainda vigorava no país. A vinda de Bonafini foi paga pela OAB de São Paulo. Era presidente José Eduardo Loureiro, conservador mas homem corajoso. Ele disse: “- Paulo Sérgio trago a moça, mas você ainda me põe na cadeia”. Bonafini tinha compleição robusta como a embaixadora Beatriz, igualmente simpática, menos bonita, mas muito atraente. Êta mulherada bacana. O antigo articulista, hoje apenasmente contemplativo, ficou feliz com Beatriz (até rima). E todas as outras mulheres, predominando a dele própria, que fazem da vida algum trajeto melhor. Isto vai para a Embaixada do México. Lá, além do noticiário de rotina, eles precisam saber que fizeram muito bem em mandar aquela senhora pra cá. Ponto final.

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e seis anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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