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O GOLPE DAS FOTOGRAFIAS

Roberto Delmanto

 

Com sessenta e poucos anos, aposentado e divorciado, já com netos, o publicitário vivia confortavelmente, entre a prática de tênis e a administração de seus bens, mas um tanto solitário.

Certo dia, recebeu pelo Messenger uma solicitação de amizade de uma moça do Paraná, que achou muito bonita.

Aceitou e, na semana seguinte, pelo Facebook, ela lhe enviou uma foto sensual, apenas de calcinha, na qual só aparecia o ventre, pedindo que enviasse uma fotografia sua.

Entusiasmado, o publicitário mandou uma foto, somente do seu dorso nu, omitindo, como ela fizera, o resto do corpo e o rosto.

Alguns dias depois, a jovem lhe enviou várias fotos suas completamente nua e depilada, mais uma vez ocultando a face. Elogiou o físico dele e pediu que mandasse uma fotografia mais íntima.

Ele enviou, então, uma foto do seu pênis, sem novamente mostrar o resto do corpo e o rosto. A moça elogiou-lhe o membro, mas lamentou que não estivesse excitado.

No dia seguinte, as fotos da jovem foram por ela apagadas, ficando apenas o da calcinha.

Uma semana depois, o publicitário recebeu uma mensagem de um homem que dizia ser inspetor de polícia de uma cidade do interior paranaense.

Falou que a moça era menor de idade e que o pai queria dar uma queixa, mas que, tendo investigado o publicitário, viu que ele era uma pessoa de bem e desejava ajudá-lo.

Alegou que iria tentar acalmar o pai e pediu-lhe uma ajuda de R$ 1.000,00, indicando-lhe a conta de umamulher. Assustado, o publicitário fez o depósito.

Na semana seguinte, o inspetor lhe enviou outra mensagem, dizendo que um seu colega soubera do ocorrido e queria receber a mesma quantia. Dias depois, ele fez o novo depósito.

Uma semana após, mais uma solicitação: o inspetor precisaria de outros R$ 1.000,00 para “segurar”o advogado do pai da vítima, que estava na porta da delegacia, sendo mais uma vez atendido.

Cerca de dez dias se passaram e veio um novo pedido. A menor, muito abalada com o assédio sofrido, precisava se tratar em uma clínica de reabilitação por tempo indeterminado, a qual custaria R$ 300,00 mensais. Ainda aturdido, o publicitário fez mais esse depósito.

Resolveu, então, me procurar. Sentia-se extorquido, mas, ao mesmo tempo, temia ser preso a qualquer momento.

Tranquilizei-o explicando que ele não havia cometido nenhum crime, tendo sido vítima de um “golpe”, que poderia continuar por muito tempo.

Aconselhei-o a falar ao extorsionário que não tinha mais dinheiro e que havia consultado um criminalista, o qual lhe garantiu não haver praticado qualquer delito.

Foi o que ele fez e, a partir daí, é claro, não recebeu mais nenhum “pedido”…

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