Home »

OS APELIDOS

 

 (Roberto Delmanto)

Muitas pessoas, na infância,na juventude e na escola, gostam de dar apelidos às outras. Alguns deles são simpáticos e agradam os apelidados, que por vezes os adotam por toda vida. Há aqueles, entretanto , que são pejorativos, provocando desagrado nos que os recebem. Curiosamente, se os apelidados reclamam, os apelidos tendem a permanecer; se não o fazem, acabam com o tempo por desaparecer.

Meu saudoso primo Berval Antonio Delmanto, após ter trabalhado no escritório do pai, o conceituado civilista Berval Delmanto,foi advogado do Badesp ( Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo)e, depois, por muitos anos, do Tribunal de Contas do Município.

Por parte da avó materna pertencia a antiquíssima família paulista.Um seu tio fez a árvore genealógica dos familiares , que mostrava serem descendentes do cacique Tibiriçá, cuja filha Bartira se casara com o português João Ramalho.Berval, muito orgulhoso, mostrou-a ao querido professor de história do Colégio São Luiz, Silvio Barberi, que a comentou em classe. Foi o bastante para ele,apesar de ter um prenome raro, por um bom tempo ser chamado  pelos colegas e amigos de Tibiriçá, apelido que, ao que sei, não o incomodava…

Na minha infância recebi o carinhoso apelido de Robe, diminutivo de Roberto pelo qual até hoje meus amigos daquela época me chamam . Já no ginásio do São Luiz, onde também estudei, o motorista particular da minha familia diariamente ia me levar e buscar, o que provocava inveja em alguns colegas. À época, os comerciantes que cobravam preços excessivos e enriqueciam eram chamados pela imprensa marrom de tubarões. Quando meu pai Dante comprou um belissímo Cadillac preto, ano 1953, conhecido por rabo de peixe , a despeita aumentou e eu fui logo apelidado pelo nome do voraz peixe. Como não reclamei, ele desapareceu em pouco tempo e,hoje, é apenas uma hilária lembrança…

Além dos advogados, como eu e meu primo, também os membros do parquet e da magistratura muitas vezes não escapam dos apelidos.Como aquele promotor que na Faculdade de Direito, por sentar-se sempre na parte de trás da classe e frequentemente cochilar, recebeu dos colegas a alcunha de cabecinha de ouro…Ou o juiz criminal paulistano da primeira metade do século passado, que conhecido por sua severidade e pelas altíssimas penas que aplicava,tinha o apelido de ” o louco “.Mas que, até o fim da sua vida, achava que fosse ” o justo”…

Deixe um comentário, se quiser.

Voce deve estar logado para comentar.