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O BRASIL PODE PERDER A AMAZÔNIA?

(Roberto Delmanto)

 

Nosso país recebeu da natureza uma dádiva: possuímos a maior parte da região amazônica, floresta com biodiversidade inigualável em todo o planeta, geradora de vinte por cento do oxigênio do mundo e reguladora do seu clima.

Temos, em contrapartida, uma enorme e proporcional responsabilidade: preservá-la para as futuras gerações, pois, embora nos pertencendo, é também um patrimônio da humanidade.

A batalha contra sua devastação vem sendo, todavia, ano após ano, perdida. Quando adquirimos de uma empresa norte-americana satélites que a monitorassem, pareceu acender-se uma luz no fim do túnel.

As derrubadas infelizmente continuaram em ritmo acelerado, com episódicas e passageiras diminuições. Ao que consta, os madeireiros vão cortando a vegetação e as árvores por baixo, deixando, a princípio, incólumes as copas destas, de modo a enganar os satélites que de cima veem a floresta fechada. Feito isso, a derrubada torna-se rápida.

Outra forma de devastação são as queimadas. Menos lucrativas do que as derrubadas, que aproveitam a preciosa madeira ilegalmente comercializada, provocam idênticos males, acompanhados de fumaça tóxica.

A tudo, vínhamos nós, brasileiros assistindo complacentes, com exceção das vozes dos ambientalistas que, melhor do que todos, percebiam o desastre que se avizinhava.

A situação se agravou no presente ano. O governo federal passou a ter um comportamento mais tolerante em relação ao meio ambiente, o que incentivou maus agricultores, pecuaristas e garimpeiros, beneficiários da devastação amazônica.

A Noruega e a Alemanha que nos ajudavam na conservação da região suspenderam os recursos que aportavam, após desastrosa e agressiva atuação do Presidente Bolsonaro e de seu Ministro do Meio Ambiente.

Coincidindo com a tolerância governamental, a devastação e as queimadas aumentaram em ritmo inédito, alcançando o efeito destas até a cidade de São Paulo, que, na tarde de 19 de agosto último, viu o dia virar noite.

A situação repercutiu internacionalmente, com manifestações em dezenas de países. O presidente da França decidiu levar o caso à discussão na Cúpula do G7 e ameaçou vetar o tão esperado acordo do Mercosul com a União Europeia, por vinte anos negociado e há pouco fechado, sendo seguido pela Irlanda. A Finlândia propôs um boicote à carne brasileira.

Preocupado com a repercussão internacional e suas consequências, Bolsonaro anunciou tolerância zero com a devastação, autorizando o emprego das Forças Armadas.

Os líderes do G7, por unanimidade, ofereceram ajuda ao Brasil e a outros países da Amazônia que a solicitarem, mas o presidente brasileiro a recusou, aceitando apenas o auxilio da Inglaterra.

Stephen Walt, professor de Harvard, exercitando a imaginação, alertou que se nosso país continuar negligente, permitindo a progressiva destruição da floresta, forças estrangeiras poderiam vir a agir (Revista Foreign Police, 5.8.19).

Francisco Cândido Xavier, o maior médium que já tivemos, predisse que, no futuro, o Brasil teria seu território diminuído (apud Marlene Nobre e Geraldo Lemos Neto, 2019, O Ápice da Transição Planetária Revelações de Chico Xavier, FE Editora Jornalística Ltda., p. 105).

Espero, como brasileiro, que sua profecia não se concretize, assim como o alerta do mestre norte-americano. .

Mas, embora defendendo sempre nossa irrevogável soberania na região amazônica, não podemos fugir à responsabilidade ambiental que temos com as futuras gerações, não só nossas, mas de toda a humanidade…

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