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A TENTATIVA  DE  SUBORNO

 

Roberto Delmanto

 

 

O jovem e rico editor estava em conflito com a esposa.

A ação de separação litigiosa, que decidiria sobre a pensão alimentícia e a guarda dos filhos menores, dependia fundamentalmente de um processo criminal em que a mulher, defendida por meu pai Dante, era vítima de agressão.

Certo dia, o editor telefonou para meu pai, indagando-lhe se poderia recebê-lo. Pediu que, por uma questão de discrição, o recebesse em sua casa, acrescentando que pretendia propor-lhe um acordo. Meu pai concordou em recebê-lo desde que viesse com seu advogado.

No dia marcado o editor apareceu sozinho, dizendo que seu defensor tivera um imprevisto.

Depois de narrar as agruras que tivera em sua vida conjugal, insinuou a meu pai que ele poderia ter uma grande vantagem econômica se “facilitasse” a ação criminal.

Meu pai, que era um gentleman, ao invés de simplesmente pô-lo para fora de sua casa, antes de convidá-lo a se retirar lhe disse que ele provavelmente recebera informações erradas sobre sua pessoa, pois não era um advogado que traía seus clientes.

O jovem editor, envergonhado, se retirou. No dia seguinte enviou a meu pai uma coleção de livros, com um cartão em que dizia ter aprendido uma grande lição, ao saber que ainda existiam pessoas honestas…

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