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Homenagem a Otávio Augusto Rossi Vieira

No Conselho Penitenciário

São Paulo, 16 de fevereiro de 2016.

 

Ao Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo

Rua Libero Badaró, n. 600, Centro

São Paulo-SP

 

OTÁVIO, FIEL AMIGO E EXEMPLO DE ADVOGADO CRIMINALISTA

  Fabio Delmanto

Falar sobre o OTÁVIO não é tarefa fácil, pois nada do que eu disser aqui poderá representá-lo integralmente. Até porque, quem o conhecia bem sabe que OTÁVIO não era fácil … por trás de sua aparente complexidade, justificada pelos desafios que a vida proporciona a cada um de nós, tinha um carisma enorme, um coração bom que sempre buscava ajudar as pessoas.

OTÁVIO sempre teve um olhar diferente para o ser humano, preocupando-se sobretudo pelas pessoas menos favorecidas, ajudava aqui e ali, ajudava quem precisasse dele. Ajudava de todas as formas possíveis, mas sobretudo com palavras consoladoras para amigos e conhecidos. Eu mesmo fui uma dessas pessoas que OTÁVIO ajudou muito. Nos momentos difíceis, OTÁVIO me ajudava, e vice-versa. Nos momentos bons, também estivemos juntos várias vezes. Era um amigo fiel, justo e humano, talvez demasiadamente humano, como dizia o filósofo Nietzsche.

OTÁVIO adorava os cachorros. Era amigo deles, a ponto de resgatar vários cães da rua, ficando depois com um problema: onde colocar esses cães? Ele se virava bem, ora encontrando casas de amigos para acolher os cães, ora mesmo pagando (e pagando caro) para mantê-los em bons hotéis.

OTÁVIO era meu amigo pessoal, um amigo fiel, como já disse. Era também amigo de toda minha família. Era amigo do meu pai Roberto Delmanto e do meu irmão Roberto Delmanto Júnior, todos grandes advogados criminalistas. OTÁVIO era meu confidente. Praticamente, nos falávamos todos os dias. Eu ia à casa dele sem avisar, sem cerimônia, porque sabia que seria bem recebido, como sempre. Falávamos de tudo um pouco. De direito penal, da Justiça, da família, de esporte, de espiritualidade, mas sobretudo de assuntos ligados ao coração, isto é, das emoções, como lidar com elas e como equilibrar a balança.

OTÁVIO era tão bom, que eu costumava dizer a ele: meu amigo, o que te salva é o seu coração, se não fosse o seu coração, você estaria perdido. Não sei bem porque eu dizia isso a ele, mas é fato que sempre o dizia. Curiosamente, quis o destino que o coração, justamente o coração, o levasse tão cedo daqui. Mas acredito, preciso acreditar, que tudo está certo, e que a ora dele chegou. OTÁVIO deixou sua querida esposa MÁRCIA e sua linda filha MAJU, minha amada afilhada.

OTÁVIO era também um espiritualista, porque se preocupava com o seu bem estar emocional e com o bem estar de seus amigos e familiares. OTÁVIO não tinha religião específica, mas amava JESUS CRISTO e acreditava na importância do AMOR, porque o AMOR, dizia ele, era o remédio para tudo, o “santo remédio” para todas as mazelas e conflitos humanos.

Embora católico, OTÁVIO buscava através da sabedoria dos índios norte-americanos, do chamado Xamanismo ou Caminho  Vermelho, força e coragem para crescer espiritualmente, procurando aprender a cada dia e livrar-se das dificuldades e agruras que nos visitam, de vez em quando, a todos nós.

Se no trato pessoal OTÁVIO era único, na profissão era também uma figura ímpar, sem igual. Advogado combativo, andava sempre bem vestido, muitas vezes de “colete” e com o cabelo bem penteado. Quando arrumado para o trabalho, causava ótima impressão. OTÁVIO era vaidoso e exigente em algumas coisas. Conselheiro da OABSP, lutava, como já disse, pela defesa intransigente das prerrogativas dos advogados, e trabalhava comigo em algumas causas criminais. OTÁVIO defendeu inúmeros colegas, sem nunca cobrar um tostão. Fazia o seu trabalho com amor e cuidado, e tinha sempre um olhar humano para com o outro, jamais julgando alguém. Era um liberal por natureza, porém sério em seus afazeres e obrigações assumidas.

OTÁVIO deixa muitas saudades. Mas deixa também exemplo de ser humano a ser seguido. A homenagem que hoje é feita ao OTÁVIO é justa e merecida, pois OTÁVIO se preocupava e atuava em prol dos advogados perseguidos em razão da profissão e da defesa dos direitos dos encarcerados. Portanto, ter uma biblioteca em seu nome no CONSELHO PENITENCIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO é motivo de orgulho para os amigos, familiares, e também para toda a classe profissional.

Que todos aqueles que frequentarem esta biblioteca, ou que lerem esse texto, possam saber, um pouco, quem foi esse grande ser humano e exímio advogado OTÁVIO AUGUSTO ROSSI VIEIRA.

Agradeço, em nome da família e amigos, o esforço de dois amigos fieis do OTÁVIO, Adriana Nunes Martoreli e Marcelo Skaff, que foram os responsáveis por proporcionar essa justa e merecida homenagem. Agradeço, também, a todas as autoridades que permitiram que essa homenagem fosse feita, em especial ao Sr. Secretário de Administração Penitenciária, Dr. Lourival Gomes.

OTÁVIO, esteja onde estiver, saiba que seus valores e princípios continuarão sendo preservados aqui entre nós, e que esta sala é apenas uma pequena, porém significativa, homenagem a você, meu eterno amigo.

                                               FABIO MACHADO DE ALMEIDA DELMANTO

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