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11 de Setembro, uma tragédia anunciada

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer
11 de Setembro, uma tragédia anunciada***

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Surgiu nos jornais ontem, 4 de setembro de 2011, a notícia da existência, nos Estados Unidos da América do Norte, de um grupo especial de soldados, ou militares disfarçados de civis, organizados sob a sigla “SEAL”, constando terem sido tais criaturas responsáveis pelo ataque à casamata de Bin Laden, sabidamente protegido pelo governo paquistanês, embora não se admita tal característica. Segundo o noticiário, os integrantes do “SEAL” têm permissão para matar alvos previamente escolhidos, o que faria concorrência à CIA, embora a última fique em desvantagem, porque depende de formalidades maiores para atingir suas finalidades, nada tão sofisticado como o espião assassinado na França com veneno radioativo posto pelos russos numa xícara de café ou coisa parecida. O moço sofreu meses, falecendo sem possibilidade de salvação. No Brasil, se a memória não falha, houve, anos atrás, enquanto se disputava a instauração do sistema de vigilância denominada SIVAM, incidente extravagante em que uma embarcação foi detonada, chegando-se à conclusão de que americanos e franceses combatiam soturnamente a saber qual nação venceria. O vencedor foi, sabe-se bem, o “Tio Sam”. Morreu gente.

No Brasil havia, ao tempo da ditadura, um serviço de contraespionagem bem desenvolvido, ligando-se à presidência da República ou a escalões superiormente colocados. Hoje tal segmento deve ter sido dissolvido, se bem que a informação seja primacial para a manutenção do poder. Não é preciso voltar demasiadamente no tempo para a demonstração prática de tal afirmativa, bastando lembrar, num romance de folhetim, as travessuras de Richelieu, ou mesmo dos empreendimentos de Joseph Fouché. Leia-se, a propósito, livro esquecido nos sebos chamado “Vidocq – De Forçado a Chefe de Polícia”. Há bandido que muda de ramo e chega a chefe de polícia.

A introdução parece estar longe do título da crônica. Não está não. As Torres Gêmeas já haviam sido palco de atentado alguns anos antes, com resultado pífio, mas sempre algo a causar preocupação. Os serviços especiais de inteligência dos Estados Unidos mantinham vigilância sobre o terrorismo em geral, mas foram vencidos na antecipação. Vingaram-se matando Bin Laden, retorsão pequena, aliás. Dentro de tal contexto, toda vez que se vai viajar aos Estados Unidos, depois daquilo, a raiva de se precisar tirar os sapatos cede um pouco à lembrança da hecatombe. Quando aquilo aconteceu, o autor passava, na rua Direita, em São Paulo, na frente de uma loja com televisores ligados numa única estação retransmissora. Pensou-se que era o fim do mundo. Num certo sentido e assentadas as diferenças, pode ter sido o começo do fim. A bomba está por aí. Qualquer paiseco sem vergonha a tem escondida embaixo da cama.

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e um anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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