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O pontapé

Roberto Delmanto

O juiz criminal era culto, honesto, independente e humano, mas cheio de excentricidades.

Tinha pavor de doenças, daí porque não gostava de apertar a mão das pessoas, com medo de contraí-las.

Por isso mesmo, um grupo de advogados, todos “gozadores”, fazia questão de, na hora do lanche, aguardar sua passagem pelo corredor do Fórum, ocasião em que, enfileirados, estendiam as mãos para cumprimentá-lo; o magistrado, homem educado, a contragosto não conseguia deixar de corresponder ao gesto, indo logo em seguida lavar as mãos.

Solteirão, economizou por meses para trocar de carro. Quando conseguiu juntar o dinheiro necessário, o veículo novo desejado subiu de preço, inviabilizando a compra. Aí, segundo comentou com um amigo, resolveu gastá-lo de forma diferente: arrumou uma bela loira e foi passar com ela uma temporada no Rio de Janeiro…

Certa vez, houveem sua Varaum curioso processo em que o marido, um jovem comerciante português, era acusado de ter agredido a esposa com um chute nas nádegas, fazendo com que ela caísse no chão e machucasse o rosto. Embora comprovada a agressão, como o casal se reconciliara durante o processo, o juiz, com a concordância do promotor, resolveu absolvê-lo.

Após proferir a decisão na audiência de julgamento, pediu que todos se retirassem, pois queria falar em particular com o denunciado.

Tendo todos saído da sala, fechou ele mesmo a porta. Então, pediu que o acusado virasse de costas e se curvasse; quando este obedeceu, deu-lhe um bom pontapé nas nádegas, dizendo que era para ele aprender a nunca mais fazer isso com a mulher…

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