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Mulheres são donas do próprio ventre

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer
Mulheres são donas do próprio ventre***

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Os jornais de segunda feira, 18 de junho de 2012, mostram passeataem São Paulo, protagonizada por mulheres grávidas e outras não fecundadas, maridos, companheiros e simpatizantes diversos. O incidente teve origem quando um médico obstetra, entrevistado na televisão, afirmou que partos de pequeno risco devem ser realizadosem casa. Aquilo incendioua disputa no Conselho Regional de Medicina, a saber, quem, quando, como e onde poderia auxiliar as parturientes na hora que, em importância, só perde para a da morte. Enfermeiras qualificadas puseram manifestações no noticiário, dizendo-se preparadas para a atividade de parteiras. Há, ao lado disso tudo, as chamadas “curiosas”, cuidando-se de senhoras experimentadas na arte, mas é preciso dizer que as últimas melhor ficariam nos sertões do agreste.

Tocante ao tema, a associação de ideias do cronista vai buscar assunto aparentemente desconexo na conduta do novo Ministro da Educação. Substituindo Haddad, submetido a críticas que não são novidade, porque há 40 anos o cronista chicoteia o Ministério respectivo, autorizou duas faculdades de medicinaem São Jose doRio Preto, uma ao lado da outra, as duas certamente disputando defuntos porque os meninos hão de praticar anatomia e a região, muito rica deve ter pouco cadáver de pobre a dispor. Melhor seria a verificação de regiões carentes, no norte e nordeste, mas a maior concentração é por aqui mesmo, pois é difícil o jovem se dispor a sujar a bata branca no lamaçal dos vilarejos aviltados pelo descaso. Já se percebe que por aqui não devem faltar médicos para assistência aos partos, enquanto o socorro,em outros pontos daenorme nação brasileira, ainda deve estar sendo prestado pelas matronas experimentadas em obstetrícia.

Há nos seriados dos canais de televisão uma série chamada “The Game of Thrones”. A certa altura, um reizinho louro com cara de anjinho mau diz à jovenzinha, apontando-lhe o dedo: “-Vou por um filhoem você quando vocêmenstruar pela primeira vez”. Já se percebe que hoje é diferente. As mulheres brigam pela liberdade do próprio ventre e muitas querem parirem casa. O problematodo é se o parto, aparentemente sem risco, se complica. O perigo sempre está atrás da porta. Não havendo requisitos indispensáveis à emergência, surge um “Deus nos acuda”. Ponto Final.

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e dois anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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