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Assento para advogados à tribuna do STF

Paulo Sérgio Leite Fernandes

Consta que o novo presidente da Suprema Corte, Ministro Ricardo Lewandowski, decidiu mandar colocar rampas de acesso ao plenário, facilitando assim a aproximação de advogados deficientes físicos. Cuidava-se de reivindicação antiga da Secção de São Paulo da OAB, não só isso, mas também a dotação de assentos junto à tribuna, pois os profissionais do direito, durante e depois das sustentações orais, falavam ou aguardavam em pé, assim permanecendo às vezes por muito tempo. Não foi por outra razão que seccional paulista da Ordem dos Advogados foi ao Conselho Nacional de Justiça, obtendo resolução indicativa do deferimento às duas pretensões.

A notícia é boa, e muito. O ser humano é, supinamente, animal simbólico. Vivemos no meio de tabus, totens e ícones. A poltrona a ser colocada junto à tribuna, no STF, seria demonstração expressa da maior proximidade entre a mais alta Corte do país e os advogados. Ver-se-á. Seria um gesto simples, mas importantíssimo. Tocante à rampa, o cronista pôde ver, tempos atrás, a dificuldade com que Romualdo Sanches Calvo Filho, presidente da Academia Paulista de Direito Criminal, encontrou para desenvolver sustentação oral naquele tribunal. Aproximou-se com muita dificuldade, mas o fez com extrema competência porque, embora cego, sabia a colocação, no areópago, de cada ministro ou ministra, tendo estudado previamente e memorizado a situação física de cada qual.

Aquela sustentação oral pareceu ao cronista um comportamento análogo ao do cantor-compositor Ray Charles, que conhece à perfeição cada tecla do piano usado em suas apresentações.

A associação de ideias é fenômeno interessantíssimo: enquanto ditava a crônica, o cronista se lembrou da canção que deu nome à segunda filha, maravilhosa criatura, posta neste mundo de Deus. Chama-se Geórgia a moça, penalista sublime e hoje quase veterinária formada. Dentro do contexto, a chegança do assento para os advogados depende só de uma simples ordem administrativa do presidente da Corte. Segue a metade dos parabéns devidos. O remanescente é guardado com muito carinho. Em homenagem a Romualdo, culto, corajoso e experimentado criminalista, vai, abaixo, o áudio da música relembrada.

 

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