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Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo vai a Saint Moritz

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer

Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo vai a Saint Moritz***

O Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembargador José Renato Nalini, foi a Saint Moritz, a fim de proferir palestra sobre “Doing justice” (Fazendo justiça). Era convidado do “Global Council of Sales Marketing”. Para quem não sabe – e todos sabem -, Saint Moritz  é local destinado, sobretudo, ao esporte de esqui, mais alguns praticados sobre a neve. Tem pouco mais de cinco mil habitantes fixos, cuidando-se de reduto diferenciado. É na Suíça.

Nossa vida – a dos juristas em geral – é assim. Às vezes vamos a penitenciárias infectas, ou pequenas comarcas esquecidas pelos deuses. Certa vez, quando viajava muito, o cronista fez palestra em cidadezinha que não tinha auditório. Os patrocinadores cobriram, no altar da igrejinha local, a efígie de Cristo. Houve cuidado para não mentir, pois o Criador, embora coberto, o vigiava lá atrás. Foi ali. Noutro dia, foi hospedado numa fazendola. Naquele tempo – sempre naquele tempo – o escriba andava cinco quilômetros diários, aproveitando as madrugadas. O fazendeiro se esqueceu de avisar do cachorrão bravo. O convidado foi encontrado gritando por socorro, pendurado num galho de árvore, ao lado do campinho de futebol. Houve oportunidade, também, em que chegou a uma cidadezinha, no sul do país, montado num ônibus “toco duro”, expressão reservada a veículo sem estofamento nos assentos. Dormiu na viagem. Acordou aos berros, lesado numa das vértebras com a sacudidela dos pneus sobre estrada cheia de buracos. Até hoje o vetusto escriba se lembra do vilarejo, do carroção motorizado e do tema da palestra (A luta contra o crime). Diga-se de passagem: lá não havia nem cadeia. Uma última lembrança: havia cinco pessoas no auditório: o padre, o prefeito, o sargento, o pastor e um provisionado. Ouviram respeitosamente a palestra.

São surpresas, todas boas, pois ser convidado a tanto aprimora o “self”. Tem-se maior consciência de existir. Nas circunstâncias vertentes, o Presidente José Renato Nalini é privilegiado. Já foi, honraram-no, falou a muitos e pôde descansar um pouquinho da terrível tarefa de gerir o maior tribunal do país. Pena não ter andado sobre a neve (lá é verão), mas sossegou durante algumas horas. Retorne em paz. Os advogados gostam dele. Há promessas não cumpridas, mas ainda é tempo. Ponto Final.

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e seis anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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