Entre John Wayne, Stewart Granger, o Colt45, a espingarda Winchester, o faroeste Norte-Americano, os índios Cherokees e os Yanomamis

Feuilles Mortes

 

 

Yanomamis

 

 

Índios Cherokees

 

 

Stewart Granger

 

 

John Wayne

 

 

 

         Hoje é 02 de fevereiro de 2023. Eu admito, com restrições, ser um pouco fabulador. Dyonne, ontem, rindo um pouquinho, disse: “Paulo Sérgio você é uma criança grande”, e eu respondi, também sorrindo, que é melhor ser uma criança grande que um velho cansado. Em outros termos, em coisas sérias eu não minto. Quem briga comigo é advertido, eu antes de começar, que meus reparos ou segredos se restringem à advocacia criminal, porque, ali, tudo é sagrado. Daí, o jogo, num debate acirrado, fica difícil, pois o outro precisa estar disposto a mostrar também suas perebas. Aliás, é preciso comentar muito brevemente que numa crônica passada, tendo acordado muito romântico, coloquei Ives Montand cantando “Feuilles Mortes”, dizendo, inclusive, que a meu ver aquela música era o segundo hino nacional francês. Toda vez que toco aquilo fico emocionadíssimo, pois a língua francesa é, talvez, uma das mais expressivas postas no mundo. Assim, quando um francês diz “Mon Amour”, é amor mesmo, soa gostoso, o erre saindo do fundo da garganta. Assim, pus “no site” Ives Montand com “Folhas Mortas”, uma gravação em que ele já aparecia bem maduro e já partindo para o terceiro terço da vida. Ficou muito bonito. (https://www.processocriminalpslf.com.br/?page_id=23017).

         Surpreendentemente, aquele espaço na crônica pretejou, aparecendo uma advertência. Alguém, alguns ou uma entidade qualquer requerera a exclusão do vídeo de Montand sob o argumento de se precisar respeitar a legislação correspondente a direitos autorais. Admita-se a reivindicação. Sou um criminalista. Não estudei legislação correspondente a direitos tais. Mas no fim das contas, melhor seria que o deixassem lá, porque não é qualquer músico ou cantor que é havido como co-autor do segundo hino nacional francês (a canção é de Jacques Prévert / Joseph Kosma, segundo dizem). Ives já aparecia meio antigão, sabe-se bem que o brocardo “Falem mal, mas falem de mim”, continua vigendo. Num certo sentido, dei um abraço no defunto quando o copiei e enalteci o pendão da França heróica. Evidentemente, se Chico Buarque, aqui no Brasil, resolver elogiar o verde-amarelo das nossas cores, aquilo vai começar a ser cantado em festa de formatura do 1º grau e Chico, embora possa até pretender resguardar sua imagem pública na Internet, não há de conseguir nunca, porque, em parceria com Vinícius de Moraes, já produziu tanto que até meu bisneto de 90 dias, se prestar atenção, começa a apontar o dedinho indicador para cima e balbuciar “Estava à toa na vida, o meu amor me chamou, para ver a banda passar, cantando coisas de amor”…

         Perceba-se: comecei falando na conquista do Oeste (Walter Halley), passei para os nossos índios apodrecendo, crianças pele-e-osso agora carregadas daqui pra lá em helicópteros salvadores, parei naquelas armas de fogo respeitadíssimas ao tempo, revi mentalmente os atores da minha infância e fui arredondar em Ives Montand cantando o hino nacional francês. Uma dissertação meio caótica, mas sonhei com aquilo tudo e com Dyonne dizendo que ainda não cresci. Amadureci, certamente. Quero saber quem manda no meu site, quem se intrometeu na minha intimidade, quem deu uma ordem qualquer a alguém para tirar o encanecido vate francês do meu escrito, eu que havia trazido à vida de volta aquela figura tão encantadora perdida nos arquivos de não se sabe quem. E indago: Quem, enquanto eu estou redigindo a minha crônica, aparece com uma voz feminina no meu celular? O que fez Walter Halley depois de ancorar seu veleiro num porto qualquer no território novo? Enfim, quem descriptografa aquilo que, segundo afirmativa categórica, é tão criptografado que nem o próprio WhatsApp é capaz de censurar? Enfim, vocês tem nome? Ou vigiam até os nossos últimos murmúrios?

 

         É melhor parar por aqui. O fato de meu intento meritório ter sido obstado é importante para mim, não para o resto. Extremamente relevante, no entanto, é a atividade espionadora, significativa de milhões de olhos eletrônicos fiscalizando, nas lonjuras, mínimas ocorrências surgidas. Em outros termos, meu celular grava minha vida inteira. Resta-me despedir-me do defunto Ives Montand, pedindo desculpas pela tentativa de o trazer de volta ao mundo. Ele volta de presente a quem é o dono dele, fazendo bom uso, se possível for. São folhas mortas. E La Nave Va.

*** Quem pretender saber a biografia de Ives Montand deve entender-se com o Google. Está lá.

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