Dia Internacional das Mulheres.

Ou

Minha escolha não tem disputa possível.

A Organização das Nações Unidas sedimentou, para valer universalmente, o dia 08 de março como o dia universal das mulheres. A data comemorativa, antes disso, voejou pelas bandas, valendo rememorar, em 1908, a marcha de quinze mil mulheres em Nova York reivindicando redução de jornada de trabalho, salários melhores e direito ao voto. Aquilo aconteceu há cento e poucos anos, ponteando no entremeio até chegarem as moças onde estão agora, autênticas, independentes, destemidas sim, não deixando de lado o romantismo decantado pelos amorosos. Este velho cavaleiro andante da advocacia criminal, aos 87 anos, tem profunda admiração, enorme respeito e afeto por todas, misturado o conjunto, diga-se, em certa dose de medo, porque, nos poucos entreveros em que adversárias as mulheres foram, deram trabalho imenso durante combate intelectual lavrado, inclusive, entre as lideranças do Direito. Daí, com certeza, este Leite Fernandes, memória razoavelmente preservada, não precisar fazer grande esforço para lembrar e relembrar excelsas companheiras no esforço, sempre desafiante, de contribuirmos, humildemente até, pela manutenção da democracia brasileira. Dentro desse contexto, não seria inteligível que o escriba deixasse de comemorar a data sublime, na medida em que conviveu, sim, com grandes advogadas, atrizes consumadas, ativistas políticas e, sem desdouro qualquer, aquelas outras que dedicaram as vidas ao preparo de jovens transformados depois em líderes na manutenção dos direitos humanos no nosso pais. Certo é, também, embora as homenagens devam ser prestadas a todas as mulheres que o mundo tem, que tais louvores precisam ser individualizados, na medida em que não deve haver galardão sem rosto. As guirlandas precisam ter destinação individualizada. Vale a pena dizer isso. Tocante a este escriba encanecido, ele substitui toda semana, no jardim do escritório, o ramo de flores vermelhas posto aos pés de pequena estátua de Nossa Senhora, a mesma recolhida, pequenina e sofrida, nas remansosas marolas de uma linda praia santista (Praia do José Menino). Seria simples, então, que minha reverência ao universo feminino fosse concretizado aos pés da chamada mãe do Menino Jesus. A atitude, aliás, é forma indireta de, entre muitas, deixar de escolher uma ou outra entre a multiplicidade de merecedoras.

O cérebro humano constitui arquivo extremadamente complexo. As figuras vêm à mente pontilhando datas, episódios, manifestações de umas e outras cenas consubstanciadas nas diversas épocas e, no fim das contas, constituindo grupo buscando passagem. Quem, quando, onde e por quais razões mereceria colocação no extremo de tal pedestal? Uma dificuldade intricada, mas com rápida solução: Maria, na antiga Judéia, carregou nos braços o filho concebido sem pecado, aquele mesmo chamado de segunda pessoa da Santíssima Trindade. Nossa Senhora não tem concorrente possível. Não que seja fácil demais, mas é preferência indiscutível.  O escriba pensou alhures em sugerir o nome de jovem médica a atender silvícolas Yonomami, mas a moça tem 29 anos apenas e precisa de muito tempo para consolidar tal sublime dedicação. Minhas rosas vão mesmo para Maria, a mãe de um Deus feito homem, a mesma que eu protejo no muro dos fundos da minha velha casa, o filho no colo, braços abertos à humanidade, o dedinho direito do garoto havia sido consertado por mim. Esculpo o suficiente para fazer outro. Ajustei também a fímbria das vestes da mãe, a santa a quem confesso pecados quando faço maldade. Vai aqui, Santa Maria, meu ramo de rosas vermelhas. Não há debate possível. E La Nave Vá.

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