Milhares de pessoas se reuniram em Tókio, em 16 de julho findante, pretendendo que o Japão abandone a energia nuclear. O governo está reativando outro reator desligado depois da tragédia de Fukushima. Quanto à usina maldita, ainda tem vigência o isolamento de 20km a seu redor. 150.000 pessoas precisaram abandonar a área, e ainda há perigo de radiação. O ser humano, em coletividade ou não, corre o risco sério de não bater os pinos. Pesquisa realizada neste site com extrema pontualidade esclarece que 40% dos votantes, todos anônimos, preferem que “Angra III”, em construção, seja concluída, apesar da lembrança de Chernobyl e do drama inacabado japonês. Há que goste de passear na zona de risco, existindo também quem se entusiasme com a mortandade havida na escola “Columbine” e, agora, num cinema em Colorado. Um componente sadomasoquista, é certo, mas incrivelmente preocupante. Vinícius de Moraes, a seu tempo, escreveu poema respeitante ao assunto, magistralmente interpretado por Ney Matogrosso num lamento ainda ecoando nos ouvidos do povo. Entretanto, o queixume não importa. Sob o Ditador Geisel, pretendeu-se montar uma usina nuclear em Peruíbe. Uma reação agressiva o impediu. Hoje, parece que os brasileiros querem mais um monstro. Ou então, Dilma acha bacana a transformação do Brasil num país misturado na radiação. Aquilo, depois de pronto, fica por lá, mesmo que não mais o queiram. Terminada a usina, pode receber o nome da presidente, como muito presídio brasileiro. Há quem goste, mesmo sem garantia de manutenção da saúde.

Rosa de Hiroshima, na voz de Ney Matogrosso:

* Advogado criminalista em São Paulo há cinquenta e dois anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.