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Operação Topázio

* Paulo Sérgio Leite Fernandes
**Gustavo Bayer
Operação Topázio***

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Apareceu nas livrarias, muito tempo atrás, um livro com esse nome: “Topázio”. Era uma intrigante história de espionagem escrita por um desses autores estrangeiros famosos. Mais adiante, outro romance de suspense, chamado “Jornal da Noite”, chamou a atenção dos aficcionados. Curiosamente, é história do sequestro do filho de um jornalista, nos Estados Unidos da América do Norte. Disse curiosamente porque, quando houve o sequestro da filha de Sílvio Santos, as coisas se passaram assemelhadamente, dando a impressão de que o autor ou autores daquele incidente dramático já teriam lido a obra em questão. Isso diz com perigosíssimo espírito de imitação.

Vem o assunto a pelo com o rocambolesco episódio da fuga do senador boliviano perseguido por Evo Morales. Vai daí o senador fica muitos meses na embaixada do Brasil na Bolívia. Havia, na representação diplomática, um cara macho: Eduardo Sabóia, fazendo as vezes de embaixador. O governo brasileiro havia concedido asilo ao senador. Evo não emitia salvo conduto. Sabóia perdeu a paciência. Outro dia um advogado conhecido foi consultado por um fulano que estava havia dois anos na casa da sogra, porque sua residência corria o risco de desabar. A resposta foi simples: entre o risco de desabamento e ficar mais um tempo na sogra, é melhor você voltar para casa. No fim de tudo, Sabóia não aguentava mais o visitante, constando que o político entrara em depressão, ameaçando matar-se. Planejou-se a fuga, com a ajuda da Polícia Federal brasileira, acolitada por dois fuzileiros navais, não se sabendo se os superiores da Marinha estavam ou não cientes do episódio. Aqui, já se perdoe uma parte grande dos pecados dos policiais federais. Estes, embora sacrificando em muitos episódios os direitos e garantias individuais dos brasileiros, estão a merecer um elogio sincero, porque fizeram o serviço bem feito, viajando vinte e poucas horas em carro diplomático a caminho do Brasil e correndo o risco de escaramuça fatal com militares bolivianos. A dupla de fuzileiros parece ser a mesma que vigiou a porta do quarto do senador durantes esses meses todos, protegendo-o de eventual ataque dos policiais locais.

O episódio tem final feliz. Roger Pinto Molina já se encontra em Brasília, viajando de Corumbá num jatinho emprestado a um senador brasileiro, tudo à moda de um James Bond tupiniquim. No fim, entre mortos e feridos, escaparam todos, deixando Evo Morales a chupar os dedos (ou a mascar uma inofensiva porção de folha de coca).

A história verdadeira nunca será conhecida. Tem-se como certo que a Bolívia requererá a extradição do senador. Se o Brasil não devolveu Batisti, segurar Molina é brincadeira de criança.

* Advogado criminalista em São Paulo há mais de cinquenta e quatro anos.

** Áudio e vídeo

*** O texto é de única e absoluta responsabilidade do autor Paulo Sérgio Leite Fernandes. O intérprete Gustavo Bayer é apenas o ator.

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