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Faz nove meses, eu disse que Pizzolato não voltava

Paulo Sergio Leite Fernandes

Faz nove meses, em fevereiro de 2014 (link), o cronista teceu comentários audiovisuais sobre a pretensa extradição de Henrique Pizzolato, preso na Itália quando, fugido do Brasil, onde condenado, teve a extradição requerida pelo governo brasileiro.

Lá atrás o escriba dizia e escrevia, que o trânsfuga ficaria naquele país, enumerando algumas razões, destacando-se o fato dele ser italiano, ter praticado, também, crime na Itália e não ter havido fato anterior a justificar eventuais reciprocidades (caso Battisti). O escriba acaba por reconhecer que é uma pitonisa rediviva ou um espécime masculino da personagem, mistura de vidente, do filme de Woody Allen, “Magia ao Luar”, não dos melhores, mas aceitável. A moça previa tudo. Normalmente acertava. Nessa medida, eu disse ao competente José Eduardo Cardoso, convocando o parecer de meu jardineiro: “Desiste, que ele não volta!”. Hoje a Corte de Apelação de Bolonha, apesar dos criminalistas que o Brasil contratou para a acusação (coisa linda, dá inveja), negou a extradição do moço, justificando as previsões do já gasto criminalista. De repente, Pizzolato é solto, mas até aí o escriba não vai, mormente porque não é pago para isso. É um criminalista, não um pai-de-santo. No fim de tudo, o Brasil gastou bons honorários em euros, pagamento a enobrecer qualquer especialista de bom nome na Itália. Se o escolhido fosse o comentarista, mandaria até enquadrar o contrato de honorários. Certa vez, há muitos anos, aconteceu isso em função de uma republiqueta destas bandas. O presidente queria que o escriba fosse visitá-lo no hotel. O comentarista fincou o pé.  – Tem que ser aqui! O homem veio. Não contratou, mas veio.

Finda-se o espetáculo. Os advogados de lá põem no cabide as maravilhosas becas adquiridas na alfaiataria próxima ao Vaticano (Faz as roupas do Papa). O Consultor-Geral do Brasil, depois de torcer bastante, retorna. Tendo um tempinho, passa por Roma, revisita a “Fontana”  e recolhe as três moedas que atirou, numa das visitas feitas anos passados (three coins in the Fontain). Pizzolato, na Itália, Battisti no Brasil, ambos tricotando. Aqui a proverbial candura brasileira. Na Toscana um bom vinho tinto sob a sombra de uma árvore frondosa. E como disse Federico Fellini, “La nave va”.

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